domingo, 3 de outubro de 2010

Dica prá ficar de olho: Anna Gabriela Malta- Fotógrafa

Domingo. Plena primavera e o tempo está mais prá inverno do que qualquer outra coisa. Uma pena!

Adoro mesmo é quando está sol e calor. Não acho que  SP combine com chuva e céu nublado. Pode até ser que a cidade - como qualquer metrópole agitada- continue bombando apesar dos dias feios, o que normalmente não acontece com os balneários, que perdem o seu encantamento. Mas ainda assim confesso que acho muito mais gostoso quando o céu está "de brigadeiro", azul azul. Amo! Até Londres fica melhor com tempo bom, porque SP não ficaria??

Bom. Mas isso não vem ao caso nem adianta ficar reclamando. De vez em quando eu até mando uns recadinhos para São Pedro e Santa Clara - de quem sou devota fervorosa- pedindo por sol mas até que não peço tanto. Só em ocasiões especiais. Já me acostumei...

No primeiro ano que passei em SP sofri horrores com essa questão do tempo. Ficava arrasada quando ligava para as minhas amigas cariocas e elas diziam que estavam a caminho da praia, enquanto eu estava de jeans e botas olhando para uma paisagem cinzenta do lado de fora. Ficava cinza por dentro também. Ligava para os meus pais e perguntava pelo tempo. Meu pai sempre respondia a mesma coisa: "Estou olhando pela janela e está entrando um vento sudoeste  horrível. O mar está esquisito e o tempo já já vai fechar". Era tão surreal que era engraçado. Eu caía na gargalhada. Isso era sinal de que o dia estava lindo e ele respondia aquilo só para não me fazer sofrer. Pai é pai.

Mas não é exagero nem brincadeira. Sofri mesmo. Acho que eu era movida à luz solar e tinha a nítida sensação de que me faltava energia quando faltava sol. Levei um tempo para me adaptar, mas como adaptação é questão de sobrevivência (e de uma dose de inteligência), acabaie me adaptando.

Até hoje, 5 anos depois da chegada, se eu tiver que dizer uma coisa daqui que não curto, respondo sem titubeiar que é o clima. Essa coisa de "terra da garoa" que todo mundo fala é pura verdade. E eu achava que era coisa de carioca tirando "sarro" de paulista. "Tirar sarro", aliás, é expressão bem paulista. Mas não é não. É fato.

No meu 3o ano em SP resolvi comprar um graffiti para colocar na sala. Adoro arte e fui ao Portas Abertas da Vila Madalena disposta a pesquisar jovens grafiteiros. Entre vários, curti o trabalho de duas artistas. Uma carioca e a outra, paulista. As duas tinham exposto no exterior e, aparentemente, eram boas apostas. Elas ficaram de me mandar uma mostra do que fariam. Pedi, apenas, que não fizessem nenhum disparate entre Rio e SP, como um Rio de Janeiro maravilhoso e uma SP caótica. Pensei que tivessem entendido. Dias depois, recebi um desenho que era justamente tudo o que eu não queria ter em casa. Na parte "paulista" estava uma menina com cara triste e meia calça listrada (parecia ter saído de um presídio). Ela segurava um guarda-chuva (detesto guarda chuva!!) e, atrás dela, a letra de uma música do grupo ".... da garoa". Parei por ali. Liguei, agradeci, mas disse que não precisavam dar continuidade a tela.

Anos antes, ainda no Rio, eu quis comprar um quadro para o meu marido e a Silvia Cintra me ofereceu uma tela de um artista em ascensão que retratava um guarda-chuva. Disse a ela que achava a imagem do guarda-chuva triste e solitária. Só lembramos dele quando está chovendo e nunca com alegria ou emoção.  Ninguém fala: "Oba! Vou pegar meu guarda-chuva!!!". A gente volta da porta e diz: "Ih! esqueci o guarda-chuva. Que chuva chata!!". É ou não é??Basta o sol voltar a aparecer para nos esquecermos completamente dele. Acabei comprando uma tela da Beatriz Jobim.  Dessa outra vez, queria ter em casa um pedacinho de SP que me orgulhasse de morar aqui e não que trouxesse, diariamente, a chuva prá dentro da minha casa.

Dias depois me encantei com uma fotografia deslumbrante do Rio que acabei comprando. Paixão a primeira vista! Como as coisas boas da vida devem ser... Desde então tenho um cantinho do Rio que eu amo dentro do meu apartamento.  Ainda não tenho nenhum pedacinho de SP pendurado nas minhas paredes, e enquanto a obra não chega continuo procurando e guardo, no coração, um carinho enorme por essa cidade que acolheu tão bem a mim e a minha família querida e amada. Na verdade, já encontrei vários trabalhos maravilhosos. As fotos do Claudio Edinger e do Caio Reisewitz estão entre os sonhos de consumo. Eles têm fotos incríveis daqui!!! Quem sabe um dia??

Comecei escrevendo sobre o tempo e descambei para artistas que retratam a cidade. E já que fui por esse caminho, vou dar a dica de uma amiga querida e fotógrafa competentérrima. Taí um caso de profissão por vocação e por herança genética. Alguém duvida do resultado dessa combinação? Eu não! É que além de amar fotografar e ter todo talento, ainda por cima ela é bisneta do Augusto Malta, maior e mais famoso fotógrafo do Rio Antigo. O nome dela é Anna Gabriela. Bibia, queridíssima amiga!

Fica a dica para quem quiser investir em fotos bárbaras com preço de quem ainda está começando.

www.agmalta.com.br

Um comentário:

Fer disse...

ADOREI SEU TEXTO ,VOCE ESCREVE MUITO BEM!!!! Tenho pedacinhos do RIO AQUI por todas as partes, MAS QUANDO VOCE MORA FORA VOCE VE QUE o que voce tem na verdade e'PEDACINHOS DO BRASIL... saudades daiiiii nossa!!!

Beijos

Fer