Dizem que saudade é o amor que fica. Faz sentido. Eu já tinha escutado essa frase, mas foi só na semana passada que entendi melhor o signficado.
Pediram para eu fechar os olhos por algum tempo e me imaginar criança de novo. O que eu fazia. Os lugares onde eu gostava de ir. Com quem eu gostava de brincar. O que me deixava feliz. Quais eram os meus programas favoritos. Contando assim pode até parecer estranho, mas foi uma delícia. A única coisa que eu não fazia idéia é de que ali a "viagem" estaria apenas começando. Para ser sincera, gostei tanto do tal exercício que ainda estou com a "gavetinha" aberta, relembrando, relembrando, relembrando...
Reencontrar o passado pode ser tão maravilhoso quanto reencontrar uma amiga querida que a gente não vê há muito tempo. Tão surpreendente quanto encontrar uma peça vintage em ótimo estado e pronta para ser usada. Tão gostoso quanto achar alguma coisa que já tínhamos dado por perdida há tempos. É uma sensação de bem estar. De acolhimento. De voltar a um lugar que adoramos, seguro, familiar.
De repente eu era criança de novo e o meu pai me levantava nos ombros para eu ver os bichos do zoológico. Lembrei do fusquinha da mamãe lotado de crianças. Dos banhos de mangueira. Da piscina depois da escola. Dos almoços de domingo- todo domingo- com a família reunida em casa. Tios, avós, primos, tia avó. União. E amor.
Praia sem filtro solar. Búzios com caminhão pipa. Batizado de bonecas com brigadeiro. Minha avó fazendo carinho no meu cabelo. Os coques impecáveis que a minha mãe fazia para eu ir para o ballet. Aula de natação sem piscina aquecida. As festas juninas do meu aniversario e as festas de papai noel no aniversario do meu irmão. Meu pai cantando para eu dormir e minha mãe deitada na minha cama conversando até tarde. Cumplicidade. E amor.
As brigas, discussões e a hora de fazer as pazes. Vida real. E amor.
Minha avó contando as suas histórias e dando testemunho da sua fé. Religião. E amor.
O cheiro do pão de queijo, da bala de coco e dos suspiros da minha bisavó. Ri de lembrar que ela morria de cócegas só de pensar em sentir cócegas. Lembrei da cadeira de balanço do meu avô, da batata palha da Concita, da empada de queijo da Pompéia e dos sanduichinhos de queijo, banana, açucar e canela da Deo. Afeto. E amor.
Lembrei de amigas que adorava brincar e que não vejo há muito tempo. Do barulho que as bonecas de porcelana faziam e do cheiro que as Cabbage Patch Kids novas tinham. De quando eu descia para o play e não sabia jogar volley. E de quando a maior preocupação que eu tinha era com as provas da escola. Responsabilidade. E amor.
Do barulhos das ondas quebrando na areia e da cor do mar quando mudava o vento. De pegar tatuí em Ipanema.
Muita coisa boa. Milhares de lembranças maravilhosas. Olhando de longe me dou conta de que momentos maravilhosos podem até passar mas o amor que fica é eterno. Saudade. Quanta saudade.Saudade cheia de amor, feliz, feliz.
E hoje, quando me dizem que saudade é o amor que fica, eu concordo plenamente.
Mudei para São Paulo há 6 anos e desde então tenho sempre um moleskine (sou fã deles!) na bolsa onde anoto tudo o que acho interessante. Pode ser um restaurante, um prestador de serviço, um livro bacana, uma exposição imperdível, qualquer coisa. O que for! Todas as anotações viram dicas e vou postando aqui. Estão todas às ordens. Se alguém não encontrar o que procura é só me mandar um e-mail e terei o maior prazer em fazer um post sob encomenda! Participações são (sempre) super bem-vindas!
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
Delírios:Lembranças Da Infância-Quando saudade é o amor que fica
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